
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Das despedidas.
Não me lembro da primeira vez que lá entrei. Não me lembro quem me levou. Lembro-me que desde pequena os meus sábados só tinham sentido lá dentro, com elas.
Continua tudo igual. A paredes forradas com uma alcatifa muito foleira das 4 cores. Os bancos já dançam há algum tempo. O quadro de giz, agora baço, onde aparecem os avisos importantes, ou só declarações de amor em letras garrafais. E aqueles paus pendurados, que sempre achei que me iam cair na cabeça.
Não me lembro da minha vida antes das Guias. Todas as recordações da minha infância e adolescência passam por aquilo que lá vivi, pelo que lá criei, pelo que me tornei enquanto membro daquela família maravilhosa. Os sonhos e brincadeiras enquanto Avezinha, as aprendizagens e responsabilidades enquanto Aventura, a alegria e boa disposição constante da Caravela, o serviço da Moinho desleixada que fui, e o amor e dedicação da Dirigente que quase me tornei.
Aprendi ali, o sentido do desapego ao material e supérfluo, aprendi a amar com o coração inteiro, aprendi o valor da amizade, conheci as melhores pessoas do mundo, cresci com as melhores pessoas do mundo, e perdi uma das melhores pessoas do mundo. Aprendi que faço falta e sinto que pertenço aquela sede, já velhinha, desde sempre.
E agora que vejo tudo isto a afastar-se de mim tão depressa, sinto um aperto de morte no meu peito. Vou sentir falta de tudo. Uma falta especial desta altura do ano, em que o aquecedor já acabado nos esquenta o trabalho e aquece o coração. Esta altura em que mesmo que o ano tenha sido uma bela bosta para alguma de nós, nos juntamos para filmar uma ramboia qualquer para apresentar no jantar mais caloroso do ano. Este ano estou cá. Vamos fazê-lo. Vamos rir-nos. Vamos aparvalhar com os habitantes da terrinha e fazê-los rir por um bocado. Vou aproveitar a vossa companhia como nunca. E no ano que vem? Espero voltar. Vestir uma roupa ridícula qualquer e rir-me muito da forma como somos felizes
Porque afinal é isto que sempre fomos, é isto que eu serei sempre.
Que eu quero muito que seja verdade a bendita frase feita: Guia um dia, Guia para sempre.
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